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Números Contábeis - A Matéria Prima da Valuation #1


Os analistas costumam “culpar” a Contabilidade - e, por extensão, os contadores - pelas mazelas na análise de ações. Em 2002, a crítica forte foi mais reforçada ainda pelos escândalos corporativos americanos, causados por fraudes em balanços, como no famoso caso da empresa Enron. Porém, um dos objetivos da contabilidade é a neutralidade devido ao tamanho da quantidade de interesses envolvidos, pois uma das formas de avaliar o desempenho de uma entidade se dá pelos registros contábeis da entidade a ser avaliada.


Com o propósito de rebater a ideia de que a contabilidade é a vilã da valuation e para entender quais os princípios da Contabilidade, a Tabela (1) apresenta as “Leis” nas quais a contabilidade está “firmada”, segundo (Póvoa, 2012).


Tabela (1). Leis da Contabilidade

Pode ser observado na Tabela (1) que as Leis da Contabilidade possuem como principal objetivo nortear o balanço da empresa. Então, surge a questão: quais as principais contas do balanço? As principais contas do balanço podem ser resumidas da seguinte forma: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Entretanto, no balanço, as contas do Ativo e Passivo sofrem “desdobramentos”. Desta forma, as contas do ativo e passivo são:

Além das contas do balanço, outras contas pertencentes a DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício) são e devem ser utilizadas em uma valuation, pois é na DRE que verificamos o quanto a empresa conseguiu obter de receitas e quais os custos envolvidos no processo operacional da empresa, tendo por fim o Resultado Líquido da empresa, ou seja, se a empresa obteve Lucro ou não no exercício em estudo.


É importante ressaltar que ao observar o Balanço e a DRE de uma empresa é possível determinar diversas informações muito importantes para se ter uma ideia do quanto vale a empresa com base no processo de valuation. As informações obtidas nos dois elementos mencionados anteriormente trazem novos conceitos e indicadores que sevem de base para um olhar clínico da empresa. Vejamos alguns desses conceitos:


1. Capital de Giro (CG): É formado basicamente pelos recursos necessários para o dia a dia das operações, ou seja, trata-se da capacidade financeira (liquidez) de que a empresa dispõe para tocar suas atividades cotidianas.


Com base no conceito de CG surge o seguinte questionamento: Qual o valor ideal de CG que a empresa deve ter para bons resultados operacionais e financeiros?


Não existe nenhum número mágico e/ou ideal para determinar esse patamar. Como regra geral, o Ativo Circulante deve ser o menor possível, sem comprometer a eficiência e capacidade de crescimento da empresa. Assim, a política de CG vai depender de cada empresa/setor.


Entretanto, alguns fatores podem influenciar o aumento da Necessidade de Capital de Giro (NCG), tais como:


Permanente: Quando há o processo de crescimento da empresa e, naturalmente, aumenta a necessidade de haver investimentos mais fortes em capital de giro.


Sazonal: Quando, em determinada época do ano, há maior pressão por vendas (Natal, por exemplo).


Aleatório: Por exemplo, quando um time considerado “pequeno” de futebol é campeão de algum torneio importante. Com isso, temporariamente, existe elevação de procura por produtos ligados ao clube.


O financiamento da NCG pode ser dar das seguintes formas:



  1. Contração de empréstimos de curto prazo (mais rápido);

  2. Contração de empréstimos de longo prazo

  3. Venda de Ativos Permanentes


Ao realizar uma análise em uma empresa é possível, segundo Póvoa (2012), determinar a NCG de um ano para o outro utilizando uma das seguintes “regras” com base nas características da empresa.



  1. Empresas Maduras: usar a média dos últimos anos;

  2. Empresas em Crescimento: usar a variação da NCG;

  3. Regra clássica: usar a NCG do último ano.


A NCG é definida pela Equação (1), com base nas respectivas contas.

No próximo post, abordaremos os indicadores contábeis e suas influências no processo de avaliação. Até lá!

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