Números Contábeis - A Matéria Prima da Valuation #2
Após comentarmos um pouco sobre a importância da contabilidade na Valuation neste post, focaremos hoje nos indicadores contábeis que auxiliam a análise das empresas e guiam estimativas para Valuation.
1. Indicadores:
A clássica análise de balanços hoje é pouco utilizada – pelo menos em relatórios de analistas – para demonstrar as principais características de uma empresa. Há um erro básico na conduta da formação dos analistas de investimentos do século XXI. A maioria, na média com maior cabedal teórico em relação aos analistas do passado e nível privilegiado de informação por conta da Internet e da globalização dos mercados, prefere começar suas análises “pelo fim”, ou seja, parte diretamente para o fluxo de caixa descontado.
A principal contribuição de um analista reside exatamente em sua experiência no conhecimento da empresa. Apesar de o futuro normalmente não replicar o passado no mundo empresarial, o conhecimento da história de uma companhia é fundamental para a previsão de seus próximos passos no curto, médio e longo prazo.
Os indicadores da análise de balanço devem ser observados como um filme, em que todos os capítulos, período a período, formam o conjunto da obra. Só assim uma avaliação mais completa pode ser realizada, sobretudo em termos prospectivos (Póvoa, 2012). Os indicadores serão apresentados a seguir.
1.1. Indicadores de Liquidez
Os indicadores de liquidez demonstram a capacidade de uma empresa honrar seus compromissos. Os indicadores de Liquidez estão expressos na Tabela (2).
1.2. Indicadores de Atividade (Giro)
Os indicadores de atividade demonstram em que medida a empresa está conseguindo transformar seus ativos e/ou patrimônio em receitas (“giro”). Quanto mais altos os indicadores de giro, teoricamente mais eficaz se apresenta a companhia. A Tabela (3) apresenta os indicadores de atividade.
1.3. Indicadores de Margens Financeira
Apresenta o conceito de margem, em diferentes níveis do balanço, indica o que representam o resultado bruto, operacional e líquido da empresa relativamente à sua receita líquida. Os indicadores estão expressos na Tabela (4).
As margens apresentam claramente quais as vantagens e os problemas de uma empresa em ralação à:
Produção: Margem Bruta
Operacional: Margem Operacional
Financeiro: Margem Líquida
1.4. Indicadores de Retorno
A maximização consistente no retorno obtido por uma empresa, seja em relação a seu Ativo Médio ou ao Patrimônio Líquido Médio do ano, é o objetivo principal de qualquer negócio. Compreender a evolução passada e prospectiva dessa classe de indicadores deve representar o centro das atenções do analista, já que aqui se encontra o cerne da geração de valor.
Os principais indicadores de retorno estão apresentados na Tabela (5).
1.5. Indicadores de Endividamento
Esses indicadores possuem como principais objetivos apresentar a quantidade e qualidade das dívidas da empresa. Esses indicadores são apresentados na Tabela (6).
1.6. Indicador de Imobilizado do PL
Mede o quanto do capital próprio está comprometido em ativos fixos, normalmente de menor liquidez. É um indicador importante, pois dá sinais sobre a redução/ampliação do financiamento à necessidade de capital de giro da empresa; seu crescimento excessivo pode trazer preocupações em termos de solvência. Esse indicador é dado pela Equação (3).
IIPL = Ativo Imobilizado / PL (3)
Após a apresentação de diversos indicadores é importante ressaltar que dificilmente, a observação isolada de um indicador de solvência, atividade, endividamento, margem, alavancagem ou qualquer outro fará algum sentido. É necessário, no mínimo, o entendimento sobre os seguintes aspectos:
Situação conjuntural da economia: Se estamos vivendo uma recessão, é normal que as expectativas de retorno sejam menores; e vice-versa em uma economia em expansão.
Setor em que a empresa atua: Se a companhia pertence a setores em que o crédito a clientes faz parte do âmago do negócio (imobiliário, por exemplo), espera-se maior necessidade de capital de giro e alavancagem.
Histórico da empresa: Um Índice de Liquidez Corrente, por exemplo, de 0,4 pode parecer muito ruim isoladamente. Mas se adicionarmos a informação de que esse índice era igual a 0,2 no exercício anterior, conclui-se que houve evolução.
Detalhes das Notas Explicativas são bem-vindas: Todos os balanços são normalmente acompanhados por Notas Explicativas, as quais indicam detalhes importantes que ajudam o analista a entender os indicadores e, por consequência, a empresa como um todo.
Por fim, é importante realizar uma análise vertical e horizontal na DRE que ajuda a visualizar de forma mais clara os pontos fortes e fracos do Demonstrativo de Resultados.